não se despede a luz quando a noite
nasce ao sabor das sílabas dos dias
antes se inventa
com seu traje de breu e de sombras
e seus lábios doces
de amoras silvestres que esperam
do filho pródigo o regresso
à terra que o viu nascer
a luz é como esta flor
que se recusa a ser olhada
porque é desejo sonho primavera
bolso de criança que
traz todos os segredos que há no mundo
não se despede a luz quando a colhes
mesmo que água seja entre os dedos
desenhando o caminho que desenhas
quando no chão semeias teu cansaço
Xavier Zarco
A minha simples referência pelos prémios recentemente conseguidos por este extraordinário poeta e amigo. Pelo seu inédito: "Anotações sobre os olhares no óleo sobre tela 'Retrato de Mulher ou le déjeuner' de Manuel Jardim"; uma Menção Honrosa no Prémio Literário Afonso Duarte - 2010 e na obra inédita "Dizer do Pó", foi distinguido com o Prémio de Poesia Manuel Maria Barbosa du Bocage - 2010.