A sombra do redemoinho
Chegou-se e ficou de mansinho
Na rua onde gasto os passos
E onde escondo os abraços
Nas juntas que separam a calçada
No negro que pinta a estrada
E deixou-te ficar sozinho
Mesmo ao lado do caminho.
Redemoinhas nas sombras
Enrolado ergues-te e tombas
Mãos estendidas em pedido
No vento que te leva perdido
Corpo tenso, corpo crispado
Olhar quase vazio, assustado
Pensa que quando me abraças
E o vento acalma, tu descansas
Dá um passo meio ao lado
Das linhas do teu passado
Rompe o vento em furacão
Grita bem fundo um «não»
Acende as sombras que giram
Não vês que elas te admiram?
Tens o caminho traçado
À espera de ser palmilhado.
Goreti Ferreira
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