[Um peixe cintilante ou
uma pequena mão adolescente]
Um
peixe cintilante ou uma pequena mão adolescente
um
seio azul e róseo de ténues veias delicadasera o seio da fragilidade da água
e era já o tumulto oceânico da pátria
Tudo
o que ela herdou se projecta no horizonte
e
ela vê a rapariguinha frágil que ela foisobre um potro branco num pomar verdejante
envolta nas espirais de um vento de lasciva doçura
Mas
na sua visão perpassam as imagens de outro glorioso
labaredas
de sangue espirais de vitóriae os longos anos em que esteve subjugada
Ela vê a sua nudez com voluptuoso orgulho
e abandona-se grávida da sua nobreza ardente
às ondas da sua indolência iluminada
António Ramos Rosa (1924-2013), in “Pátria Soberana seguido de Nova Ficção”
(Prémio Literário de Sintra – Ruy Belo / 2001), página 23, edições quasi, 2.ª
Edição, Novembro de 2001.
Foto do
autor: por João Silva.
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