O MEU ORGULHO
Lembro-me
o que fui dantes. Quem me dera
Não
me lembrar! Em tardes dolorosasEu lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos fez nascer as rosas!
As
minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam
como pombas… Quem souberaPorque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
São
sempre os que eu recordo que me esquecem…
Mas
digo para mim: «Não me merecem…»E já não fico tão abandonada!
Sinto
que valho mais, mais pobrezinha:
Que
também é orgulho ser sozinha,E também é nobreza não ter nada!
Florbela Espanca (1894-1930), in “Sonetos”, com introdução por Maria
da Graça Orge Martins, página 68, edições Biblioteca Ulisseia de Autores
Portugueses, nº. 32, 4.ª Edição, Junho de 2002.
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