segunda-feira, 27 de abril de 2015

Joaquim Monteiro





LABIRINTO OU PROCURA INICIÁTICA

Tudo é labirinto e forma inútil
Vã glória e beleza efémera.

Beijo a beijo, flor a flor,
Vão chegar os dias transparentes.
O ardor da casa pedra a pedra
Os degraus da sapiência transmutável
Com que os bosques guardam
As falas de antiquíssimos anéis.

Virão; estou convencido, novas melodias,
O silêncio cantado na pausa da escrita.
Novos rostos, novas mãos para afagar
O brilho das estrelas num inextinguível amor
Partilhado, na forma mais pura do voo,
No olhar mais cristalino de etérea profundidade.

Na noite a luz dos espelhos definem-te os contornos.
Mas, só as palavras sussurradas incendeiam a pele
E fazem da nascente o sortilégio de todos os desígnios.

Joaquim Monteiro, in “À Janela do Teu Corpo”, página 102, edições Modocromia, Outubro, 2014.

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