[Sento-me na inutilidade]
Sento-me
na inutilidade das coisas quando secam os frutos
à
míngua de carícias.
Peso
tanto como as minhas pernas cansadas de alinhavar
viagens.
A
penumbra é um lugar indeciso aninhado na paciência do
tempo.
Na hora
de folhear as outras horas, passam por mim cavaleiros
de
infindáveis batalhas, corças assustadas, cabeleiras fulvas,
flores
de oiro velho.
Espero
um teatro novo, de luz sem sombras, de suspiros de
riachos,
de corpos nus, terrenos, fabulosos, fabricando o
pão,
repartindo.
Adormeço.
Licínia
Quitério,
in “ O Livro dos Cansaços”, página 25, edição da autora, Fevereiro de 2015.
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