SINTO
No
outro lado da margem
onde
estremecem estrelas e desejosonde o mar vem beijar o areal
e em sobressalto me alcança…
Embala-me
devagar como alga adormecida
colho
a espuma que se esvai por entre os dedose teço no olhar horizontes voados de gaivotas
que descalças me acenam em danças embevecidas.
No
outro lado da margem
vou
tocando na maré inventando nos meus braçosa leveza dos remos que atravessam um destino
onde anémonas se distraem num breve sonho
preso na janela de conchas e cores de mar!
Na
outra margem, navega o beijo que me espera
dobrando
a distância que a idade não roubou.
Há
corais escondidos
num
lençol de luaronde o vento se delicia
quando se juntam as margens
e os beijos nos vêm aprisionar.
Dalila Moura Baião, in “Quando o mar corre no peito”, página 67, edições El
Taller del Poeta S. L., Pontevedra, Espanha, 2014.
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