quinta-feira, 9 de abril de 2015

Dalila Moura Baião





SINTO

No outro lado da margem
onde estremecem estrelas e desejos
onde o mar vem beijar o areal
e em sobressalto me alcança…

Embala-me devagar como alga adormecida
colho a espuma que se esvai por entre os dedos
e teço no olhar horizontes voados de gaivotas
que descalças me acenam em danças embevecidas.

No outro lado da margem
vou tocando na maré inventando nos meus braços
a leveza dos remos que atravessam um destino
onde anémonas se distraem num breve sonho
preso na janela de conchas e cores de mar!

Na outra margem, navega o beijo que me espera
dobrando a distância que a idade não roubou.

Há corais escondidos
num lençol de luar
onde o vento se delicia
quando se juntam as margens
e os beijos nos vêm aprisionar.

Dalila Moura Baião, in “Quando o mar corre no peito”, página 67, edições El Taller del Poeta S. L., Pontevedra, Espanha, 2014. 

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