[Não sou vil
delator]
Não
sou vil delator, vil assassino,
Ímpio,
cruel, sacrílego, blasfemo;Um Deus adoro, a eternidade temo,
Conheço que há vontade e não destino.
Ao
saber e à virtude a fronte inclino;
Se
chora e geme o triste, eu choro, eu gemo;Chamo à beneficência um dom supremo;
Julgo a doce amizade um bem divino.
Amo
a Pátria, amo as leis, precisos laços
Que
mantêm dos mortais a convivência,E de infames grilhões oiço ameaços !
Vejo-me
exposto à rígida violência,
Mas
folgo e canto e durmo nos teus braços,Amiga da Razão, pura Inocência.
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), in “Poesias”, colecção Pequeno Tesouro,
página 82, edições Círculo de Leitores, selecção, introdução e revisão de
Orlando Neves.
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