terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ana Mascarenhas




ACORDEI DE MANHÃ CEDO

 
O sol espreitou e eu amanheci.
Raios quentes invadiram-me a alma.
Tenho um pacto com o calor.
Vicio-me nele e ele dá-me amor.

Entro pela tarde e o sol começa a queimar.
Abrasa-me a pele, entrego-me ao mar.
Mergulho em sonhos de Verão, e água salgada.
Visto-me de montanhas verdes, com pingos de alga.

Os raios querem fugir, e a noite cair.
Estremecida e fria, arrefecida me visita.
A solidão quente, de Verão ausente.
Não gosto de ti, escuridão pungente.

Atormentas-me os sonhos, e invades-me o quarto.
Proíbes-me vivas sensações, num sonho apertado.
Quero-te de volta, sol quente de Verão ausente.
Raios comoventes, e áureas de manhã presente.

Para ti, apenas uma data, uma época, um estado.
Gasoso, salpicos de coriscos fortes e amarelos.
Líquido de mares verdes, cristalinos e gemados.
Sólido de areia quente e clarões espontados.

 
Ana Mascarenhas, in “ Louca Sensatez”, página 105, edições Editorial 100, Setembro 2009.

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