sábado, 14 de setembro de 2013

Jessica Neves




trago um poema no bolso

 
Trago um poema descalço no bolso
Que me atormenta a tempo inteiro
Versos resmungados que só eu ouço
Que teimam em não arder no cinzeiro

De pedra em pedra soletro solidão
Num negro olhar desmaiado em itálico
Ao sorriso ao lado peço-lhe perdão
Não sei dar mais que um riso metálico

Oh, semente que não brota da terra
Que se consome a sete pés da vida
Mágoa que em mim tudo encerra

Nem uma lágrima no rosto colorida
Nem sei de mim nem quero saber
Um dia talvez, me venha a apetecer!...

 
Jessica Neves, in “(Sem) Papel e Caneta, (Com) Alma e Coração”, página 16, edições Chiado Editora, Julho, 2012. 

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