Desta feita vou repetir um autor: Joaquim
Pessoa, com dois textos de um grande livro, com o qual ando, diariamente, em
conversação e leitura, nestes últimos tempos: “Guardar o Fogo”. Recomendo-o,
viva e avidamente, à leitura. Fiquem bem! Meu abraço.
sobre alguns poetas
Que não bebem vinho tinto nem conhecem
o sabor das palavras mais amargas.
Há poetas fechados em gaiolas de oiro.
Portanto livres. Logo, felizes.
Há poetas eleitos.
Não se sabe por quem, é verdade,mas são tão divinos como a chuva.
Tão finos como copos de cristal.
Tão reservados como os licores estrangeiros.
Tão confortáveis como o ar condicionado.
Há poetas que se amam a si mesmos.
Há poetas que escrevem de modo a não sujar os
dedos.Há poetas que nunca se misturam
para não se comprometerem com os homens.
Poetas que comem o pão
que o povo amassou.suave”, página 194, Edições Esgotadas, 2013.
decerto sabes
se aprende mais, talvez, a não falar.
É tolo escrever versos com os lábios
quando se pode, apenas, respirar.
Bom dia! Isto sim, é uma aresta
de qualquer verso a mais num telefonema.As rugas são a pauta que há na testa
se ainda não é desta que o poema
irá morder a língua, irá calá-la
até que outra palavra se derramee possa transformar silêncio em fala.
Então é ver a coisa mais infame:
o riso é como o estoiro de uma balae as palavras aplaudem o vexame.
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