quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Lita Lisboa




GAIVOTAS…

 
Grasnam no céu, as gaivotas,
pairando sobre o oceano…
Fogem da Terra, assustadas
com a visão dum país amordaçado,
onde os ecos da voz se perdem
num canto à sombra do nada.

Grasnam as gaivotas,
chorando a dor
das extintas primaveras,
de aromas fenecidos.

Em mim, persistem seus lamentos
e consumida pelos sons,
que me arrebatam os sonhos
do nascer dum mágico elixir,
a alma quebra-se, orvalhada
e vou perdendo a vida aos poucos,
sem ainda ter morrido.

 
Lita Lisboa, in “Crepúsculo”, página 21, edições Temas Originais, Coimbra, 2012.

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