sexta-feira, 28 de dezembro de 2012





22 - João Carlos Esteves






 
 
Abri as portas da ilusão
e deixei-me por ela arrastar
na esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação

Fui sopro rebelde nos ventos
dancei em montanhas douradas
e afaguei as folhas das árvores,
envolvidas por chuva outonal,
arrastadas nas águas tombadas

Imbuída nas nuvens velozes
fui lágrima perdida nos ares
percorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz

Por fim a ilusão esmorece
no repousar do vento e das chuvas
entrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas

 
João Carlos Esteves

in livro “ Absolvição”, página 22, edições Temas Originais, Coimbra, 2011.  

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