22 - João Carlos Esteves
Abri
as portas da ilusão
e
deixei-me por ela arrastarna esteira de um vento irreal
cruzando planícies dormentes
num sonho em gestação
Fui
sopro rebelde nos ventos
dancei
em montanhas douradase afaguei as folhas das árvores,
envolvidas por chuva outonal,
arrastadas nas águas tombadas
Imbuída
nas nuvens velozes
fui
lágrima perdida nos arespercorri distâncias sem nome
alcancei os limites dos mares
e verti-me em silêncio e em paz
Por
fim a ilusão esmorece
no
repousar do vento e das chuvasentrelaçada em memórias distantes
de momentos gravados nas cinzas
dos tempos tecidos nas brumas
in livro “ Absolvição”,
página 22, edições Temas Originais, Coimbra, 2011.
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