Palawan (Filipinas), foto de Gonçalo Lobo Pinheiro.
Foi vertido o líquido incolor no copo da
sofreguidão, onde a sequiosa razão da subsistência não envereda pelas sedes da
loucura e transmite o receio de cada voz oprimida. As secas gargantas já não
premeiam as audiências com o som de suas falas e o líquido consumido é
insuficiente para tamanha secura. A consternação evidencia-se e é latente o
sentido da prepotência descabida. As águas passam lestas por entre as muralhas
do desassossego, sendo inoperante o receptivo contributo para as poder parar,
na separação de toda a inquietude. Não existem mais canais de absorção e o
líquido escorre paralelamente à sua necessidade, no seu resoluto percurso. A
vingança fertiliza-se no estado de alma de cada ser onde impera a sequidão e
vai sustentando-se, fortalecendo seus tentáculos. O polvo espreita o momento
exacto para novo ataque, perante a indiferença generalizada.
António MR Martins
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