domingo, 30 de dezembro de 2012

Rua da solidão

 
Kaiping (China), by Gonçalo Lobo Pinheiro
 

Na rua da solidão não há transeuntes acomodados à troca de palavras, em viva voz, nem a resposta a uma pergunta por iniciar. Na rua da solidão não há afagos nos rostos da presença, sem cumprimentos entre mãos que não existem. Na rua da solidão não há abraços estruturados, nem preceitos inacabados. Na rua da solidão as sombras são o desfile entre as luzes que a acendem, no resfriar de cada noite. Ali não há o prurido nem o silêncio. Ali não há a alegria nem tristeza. Ali não há nada a acontecer. Ali só se espera que a solidão termine com a sua inacabada resistência.

 
António MR Martins

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