segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A morte não tarda




25 - Lurdes Dias (Cleo)







São as sombras que se arrastam na noite escura…
A vida que não se vive
Enquanto a dos outros adormece…

São as almas sem rumo
Que se passeiam pelo infinito
Do deserto das suas vidas… perdidas…

Fruto das escolhas malditas!...

Mais uma noite
Mais uma penitência
Mais um festejo de dor… sem amor…

E lá vou eu pela rua
Absorto… meio morto…
Vou de encontro a abismos… esquecidos…

Acho que me perdi no caminho
Não sei o que faço aqui…
Só sei que me perdi… de mim…

Avisto a morte ali ao fundo
A única certeza que me resta
Desta vida que não tenho

Perdi tudo… tudo…
Fiquei sem nada… um farrapo de gente
E ela não tarda…

 
Lurdes Dias (Cleo)

in livro “ In Pulsos”, página 35, edições Temas Originais, Coimbra, 2009.

 

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