Faleceu
hoje um grande homem da cultura, artista plástico, sobretudo aguarelista, mas
também poeta, um excelente poeta, João Carlos Martins. Há algum tempo doente,
mas sempre lúcido, decidiu publicar tudo aquilo que foi escrevendo no sentido
de o conseguir, ainda, em vida. Não foi possível, mas a obra em livro
acontecerá, tenho quase a certeza. Será algo de muito valor para quem ama a
língua portuguesa e gosta de poesia, em particular.
Um poeta
sintético, na sua explanação escrita, dizendo muito em poucas palavras, mas
sempre com uma beleza indescritível, como poucos o conseguirão fazer.
Fica aqui
a minha homenagem ao poeta, com a publicação de dois dos seus poemas, da sua
obra “Abismo de Palavras”, das páginas 20, 6. e 38, 24., uma edição Temas Originais, Coimbra, 2011.
6.
Alguém deixou à noite
luzes e vestígiosde quem terei sido:
Talvez os derradeiros
a depositar em mima dor e o prazer.
Por um instante assim
a tua voz abriuum sulco no meu ser.
Chego hoje à serra
para ser senhor e reide todo este granito.
Desde o início das coisas
só levo do que não seicarrego do que não sinto.
Levo mais água
no meu cansaçodo que cabe de silêncio
em cada grito.
João Carlos Martins
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