Vista a partir do Monte do Colcurinho, Serra do Açor.
Há uma ave que levita seu
planar, a espaços incontáveis, corolário da imensidão de tanto incessante voo,
na extremidade oposta da serrania até ao infinito vislumbrar. As árvores,
inquietas, agitam os ramos das suas quimeras à passagem sorrateira de um
moderado fluxo de vento, que quando agreste inferniza sua regular estabilidade.
As encostas, descendo as serras de todo o pranto, transmitem a grandiosidade de
uma paisagem repetida, carente do afago humano, numa naturalidade que ali já
não mora. Apesar de tudo, ainda o horizonte parece dar a entender que nada se
alterou naquele espaço. Perante o nó limitador do futuro, que acontece a cada
passo seguinte, se ventila o aperto da saudade. No sopé de tanta altura, entre
leitos de imprecisão, o rio permanece na sua existência, com águas inovadoras,
correndo no preceito estabelecido pela natureza e na sua incumbência
estratégica. A vida continua, apesar de tanto silêncio.
António MR Martins
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