6 - Vera Sousa Silva
Sou
um corpo que deambula ao acaso,
que
vive com medo todo o dia.
Amostra
de ser mal amado
sem
conhecer felicidade e alegria.
Uma
mulher constantemente criticada
que
chora apenas escondida
consciente
que não vale nada
e
a imagem totalmente denegrida.
Escondo
os hematomas como sei.
Habituei-me
há muito a mentir…
Vivo
uma vida como nunca pensei
com
a maior parte do tempo a fingir.
Esta
mão, assim queimada, e a doer,
é
porque sou tão distraída…
Meti-a
numa panela a ferver
e
fiquei tão arrependida.
Tapo
as nódoas negras com roupa
de
Inverno, mesmo no Verão.
Apenas
porque sou meia louca
passo
a vida a cair no chão.
A
boca, assim cortada,
foi
apenas porque sorri…
Não
sei estar calada!
Apanhei
porque mereci.
Quando
parti o braço direito
foi
porque me maquilhei nesse dia.
Mas
afinal, foi bem feito,
porque
parecia uma vadia.
O
meu corpo está tão cansado
não
aprendo a me comportar
para
viver bem com o meu amado,
que
tudo faz por me amar.
Farta
dos meus erros e maldade
subo
até ao vigésimo andar!
Salto,
enfim, para a liberdade,
e
já sou feliz… a voar!
Vera Sousa Silva
in livro “Bipolaridades”, páginas 13 e
14, edições Lua de Marfim, Póvoa de Santa Iria, 2012.
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